A Igreja e a Consciência Cidadã - Eleições 2012
Irmãos e Irmãs!
A sociedade brasileira mobiliza-se com a campanha eleitoral, e encaminha-se para a realização das eleições municipais no próximo dia 07 de outubro, oportunidade em que escolherá seus representantes na esfera dos poderes, Executivo – Prefeitura Municipal e Legislativo – Câmara de vereadores. A Igreja enquanto instituição não assume a opção partidária, que é sempre parte, mas empenha-se colaborando na formação da consciência das pessoas, mormente dos seus membros, para a concretização de uma sociedade justa e solidária, com o compromisso e a participação de todos. Se o contexto político atual está marcado pelo descrédito e a própria política parece tornar-se sempre mais um caminho facilitador para negócios espúrios, a Igreja crê, que a escolha de homens ou mulheres, com dignidade e desejo de servir ao bem comum de todos, poderá ser o início de novos tempos, com esperança e justiça.
É verdade que, como escreveu o Papa Bento XVI, “... A sociedade justa não pode ser obra da Igreja; deve ser realizada pela política. Mas toca à Igreja, e profundamente, o empenhar-se pela justiça trabalhando para a abertura da inteligência e da vontade às exigências do bem” (DEUS CARITAS EST, no. 28). Afirmou ainda o grande Pontífice do século XX, o Papa Paulo VI que, “a política como forma privilegiada de caridade, tem como vocação e missão, buscar realizar os valores que definem os destinos dos povos e a concepção do homem e, que se traduzam na cultura da solidariedade”. As atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2011 – 2015 pedem que “incentive-se cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições, promovendo-se formação permanente e ações concretas. Incentive-se a participação, ativa e consciente, nos Conselhos de Direitos. Quer promovendo, quer se unindo a outras iniciativas, incentive-se a participação em campanhas e outras iniciativas que busquem efetivar, com gestos concretos, a convivência pacífica, em meio a uma sociedade marcada por violência, que banaliza a vida. Sobretudo no mundo de hoje, com a crise da democracia representativa, cresce a importância e, portanto, a necessidade da colaboração da Igreja, no fortalecimento da sociedade civil, na participação em iniciativas de controle social, bem como no serviço em prol da unidade e fraternidade dos povos, especialmente da América Latina e do Caribe, como sinal efetivo de paz e reconciliação” (DGAE, no. 115).
Faz-se necessário lembrar que a Lei 9840, aprovada pelo Congresso Nacional – Contra a corrupção eleitoral, já cassou centenas de prefeitos e vereadores em todo o Brasil. Cresce a consciência e a corresponsabilidade no processo eleitoral, o que colaborará para a escolha de candidatos com propostas concretas e viáveis, tendo presente, candidatos e eleitores, que a sociedade não precisa de favores ou de “salvadores da pátria”, mas de políticas que contemplem as relações humanas em todas as dimensões e contribuam para o “aprimoramento da cidadania”, com o povo usufruindo dos bens que lhe são de direito.
Lembramos ainda a legitimidade da Lei da “FICHA LIMPA”, fruto de iniciativa popular, como a Lei 9840 e que reuniu 1 milhão e 600 mil assinaturas, com a participação decisiva da Igreja Católica e das Entidades e Movimentos de combate à corrupção eleitoral. “A Lei da Ficha Limpa nada mais fez que atender a uma necessidade de se fixar critérios e objetivos para a análise dos pedidos de registro de candidaturas. O parágrafo 9o do artigo 14 da Constituição Federal já estabelecia desde 1994, que fosse ‘considerada a vida pregressa do candidato’, para a admissão do registro da candidatura” (Por uma plena aplicação da Lei da Ficha Limpa – CNBB, P-No. 0672/10).
É preciso cuidadosa vigilância em relação àqueles que apresentam-se em época de campanha, junto ao povo, lugares onde em outras épocas nem sempre estão; atenção às somas incalculáveis gastas em campanha e que amanhã, no exercício do poder, de algum modo serão recuperadas; as promessas com benefícios que não poderão ser honrados e que dão a tônica aos discursos. Não venda seu voto, ele não tem preço, tem conseqüência como bem sabemos.
“Convidamos a todas as pessoas de boa vontade a se unirem em vigília cidadã para que tenhamos eleições limpas e éticas, a fim de consolidar a democracia brasileira”.
Dom Sérgio Aparecido Colombo
Bispo Diocesano